Os Inibidores de Bomba de Prótons (IBP) revolucionaram o tratamento de doenças do estômago e do esôfago, como a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), úlcera péptica e no auxílio à erradicação da Helicobacter pylori. Desde que começaram a ser usados na prática médica há mais de 30 anos, se tornaram uma das classes de medicamentos mais prescritas no mundo.
Eles atuam reduzindo a produção de ácido pelo estômago, favorecendo a cicatrização e o alívio dos sintomas. No entanto, o uso prolongado e sem acompanhamento médico pode trazer riscos que precisam ser conhecidos.
Os IBP – como omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, esomeprazol e rabeprazol – agem bloqueando a “bomba de prótons” das células do estômago, mecanismo responsável pela liberação de ácido. Assim, reduzem a acidez e protegem a mucosa gástrica.
Indicações mais comuns:
Refluxo gastroesofágico
Úlcera gástrica e duodenal
Gastrite erosiva
Prevenção de lesões gástricas por anti-inflamatórios
Tratamento auxiliar na erradicação da H. pylori
Embora sejam seguros quando usados corretamente, estudos recentes alertam para potenciais efeitos adversos quando utilizados por longos períodos.
Vitamina B12: precisa do ácido gástrico para ser absorvida. A redução da acidez pode dificultar esse processo, levando à deficiência.
Cálcio: o ácido ajuda a solubilizar o cálcio. Baixos níveis podem prejudicar a saúde óssea e aumentar o risco de osteoporose.
Ferro: o pH ácido é importante para a absorção do ferro; seu bloqueio pode causar deficiência.
Magnésio: a deficiência é rara, mas pode ocorrer, principalmente em uso prolongado e em pessoas com outras doenças.
O ácido gástrico funciona como uma barreira natural contra micro-organismos. Com a acidez reduzida, há maior chance de:
Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO)
Infecção por Clostridioides difficile
Infecções intestinais por bactérias como Salmonella e Campylobacter
Alguns estudos mostram associação entre uso crônico de IBP e aumento do risco de fraturas, especialmente em coluna e quadril. A relação não é totalmente comprovada, mas o cuidado deve ser maior em pessoas com osteoporose.
Há relatos de relação entre IBP e nefrite intersticial (inflamação nos rins) que, não tratada, pode evoluir para doença renal crônica. O risco é maior em idosos e em uso prolongado.
Demência: estudos iniciais sugeriram relação, mas revisões mais recentes não confirmaram associação significativa.
Alterações cardiovasculares: atenção especial em pacientes que usam antiagregantes como clopidogrel, pois pode haver interação medicamentosa (dependendo do tipo de IBP).
Rebote ácido: a suspensão abrupta pode causar retorno aumentado da acidez, gerando sintomas intensos.
De acordo com as evidências científicas:
Usar na menor dose eficaz e pelo menor tempo possível
Revisar periodicamente a necessidade de continuar o tratamento
Evitar a automedicação
Avaliar reposição ou monitoramento de vitaminas e minerais em tratamentos prolongados
Em casos de longo uso, considerar alternativas ou ajustes na dose sob supervisão médica
Os IBP são medicamentos valiosos, que proporcionam grande alívio e melhora na qualidade de vida de milhões de pessoas. Porém, seu uso contínuo sem acompanhamento pode trazer riscos. A decisão de iniciar, manter ou suspender o tratamento deve ser sempre feita com orientação médica, avaliando os benefícios e possíveis efeitos adversos.
Se você faz uso diário de omeprazol ou outro IBP há mais de alguns meses, converse com seu gastroenterologista para verificar se o tratamento ainda é necessário ou se há opções mais seguras para o seu caso.
Referências: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35830032/
Como a Dra. Letícia pode ajudar?
A Dra. Letícia Couto é médica gastroenterologista, especialista em doenças do aparelho digestivo como gastrite, refluxo, SIBO, síndrome do intestino irritável e intolerâncias alimentares. Seu atendimento é particular, humanizado e sem pressa, com foco em diagnóstico preciso e tratamento personalizado para cada paciente.
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