Dra Leticia Couto

Imagem ilustrativa de intolerancia alimentar

Intolerâncias Alimentares: o que são, sintomas e como identificar

As intolerâncias alimentares ocorrem quando o organismo não consegue digerir ou processar adequadamente certos componentes dos alimentos. Ao contrário das alergias, que envolvem uma reação do sistema imunológico, as intolerâncias estão relacionadas a problemas na digestão, absorção ou metabolismo, provocando sintomas que afetam principalmente o sistema gastrointestinal.

Essas condições podem ter diferentes causas, como deficiência de enzimas digestivas, alterações no transporte de nutrientes, fermentação excessiva por bactérias e desequilíbrios na microbiota intestinal.


Tipos mais comuns de intolerância alimentar

Intolerância à lactose

Ocorre quando há deficiência da enzima lactase, responsável por digerir a lactose, o açúcar presente no leite e seus derivados. Essa falha na digestão leva ao acúmulo de lactose no intestino, que acaba fermentada pelas bactérias, produzindo gases e desconforto abdominal.
Sintomas: cólicas, estufamento, gases, diarreia após consumo de leite ou derivados.

Intolerância à frutose

Caracteriza-se pela dificuldade em absorver frutose no intestino delgado, muitas vezes devido a alterações nos transportadores intestinais. Quando a frutose não é absorvida, segue para o intestino grosso, onde sofre fermentação bacteriana.
Sintomas: gases, dor abdominal, diarreia, náuseas.
Fontes comuns: frutas como maçã, pera e melancia; mel; e adoçantes como sorbitol.

Intolerância ao glúten não celíaca

Afeta pessoas que apresentam sintomas ao consumir glúten, mas sem o mecanismo autoimune da doença celíaca. Apesar de não causar lesões na mucosa intestinal, pode gerar grande desconforto e impacto na qualidade de vida.
Sintomas: dor abdominal, inchaço, fadiga e alterações no ritmo intestinal.

Intolerância a FODMAPs

Envolve um grupo de carboidratos fermentáveis (Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis) que são absorvidos de forma incompleta no intestino delgado. Isso favorece a fermentação pelas bactérias no intestino grosso, com produção de gases e atração de água para o interior do intestino.
Fontes: trigo, centeio, cebola, alho, leguminosas, leite, maçã, pera, mel e alguns adoçantes artificiais.
Sintomas: estufamento, gases, dor abdominal, diarreia ou constipação.
A intolerância a FODMAPs pode estar associada à síndrome do intestino irritável e ser agravada por disbiose intestinal ou SIBO (supercrescimento bacteriano no intestino delgado).


Possíveis causas das intolerâncias alimentares

  • Deficiência de enzimas digestivas, como lactase.

  • Alterações nos transportadores intestinais, como GLUT-5, que absorve frutose.

  • Fermentação bacteriana excessiva, comum no SIBO.

  • Desequilíbrios na microbiota intestinal (disbiose).

  • Inflamações na mucosa intestinal, que dificultam a absorção.

  • Predisposição genética.

Muitas vezes, mais de um fator está presente, tornando o quadro mais complexo e exigindo investigação personalizada.


Sintomas mais frequentes

Apesar de cada intolerância ter gatilhos específicos, existem sintomas que aparecem na maioria dos casos:

  • Estufamento abdominal

  • Excesso de gases

  • Cólicas ou dor abdominal

  • Diarreia ou prisão de ventre

  • Náuseas

  • Sensação de cansaço ou fadiga

  • Em alguns casos, dores de cabeça e alterações de humor


Como identificar

A avaliação deve ser individualizada, já que os sintomas podem se confundir com outras doenças gastrointestinais. Entre os métodos utilizados estão:

  • Registro alimentar e análise clínica detalhada.

  • Dietas de exclusão seguidas de reintrodução controlada dos alimentos suspeitos.

  • Testes respiratórios (de hidrogênio e metano) para detectar intolerâncias à lactose, frutose e presença de SIBO.

  • Exames laboratoriais e endoscópicos, quando necessário, para descartar outras condições.


Tratamento

O manejo das intolerâncias alimentares é sempre personalizado e pode incluir:

  • Ajustes alimentares: reduzir ou excluir temporariamente os alimentos que provocam sintomas.

  • Dietas específicas, como a Low FODMAP para intolerância a carboidratos fermentáveis.

  • Uso de enzimas digestivas em casos selecionados.

  • Tratamento da disbiose ou do SIBO, quando presentes.

  • Acompanhamento médico e nutricional para garantir que a dieta seja equilibrada e segura.

Evitar a exclusão desnecessária de alimentos é fundamental para prevenir deficiências nutricionais e preservar a diversidade da microbiota intestinal.

 

Referência: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10708184/

Dra Letícia Couto-gastroenterologista

Dra. Letícia Couto – Gastroenterologista
Especialista no diagnóstico e tratamento de intolerâncias alimentares, gastrite, refluxo, disbiose, SIBO e síndrome do intestino irritável. Atendimento com tempo adequado, investigação detalhada e plano personalizado para tratar a causa do problema.

📅 Agende sua consulta e descubra como identificar e controlar sua intolerância alimentar com segurança e qualidade de vida.